Deus é um comediante atuando diante de uma platéia assustada demais para rir. Voltaire - (1869 - 1778)
"Jesus Cristo era filho de um pobre carpinteiro. Foi assassinado pelos ricos. Não tinha como dar em boa coisa" Karl Max

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Discutindo Deus

Quando sentei nas mesas de bares ou de beiras de piscinas, durante as férias, instalei nesses lugares, naturalmente, uma mesa de consulta ao avatar, eu ali à disposição dos passantes e dos parantes, indefeso.

E eles me perguntando sobre tudo, os mais diferentes assuntos. E eu vou despachando com todos, sacio as suas curiosidades, uns além de falar comigo têm necessidade de me tocar. Acabam num retoço esses encontros de conhecimento entre o cronista e seus leitores. É uma bela forma de a gente conhecer e privar com os alvos do que se escreve, os verdadeiros objetivos do trabalho da gente, os leitores.

Dou um exemplo de uma dessas consultas que dei esses dias. O senhor se aproximou de mim e da roda que me cercava. E foi atirando logo sua pergunta: "Tu acreditas em Deus mesmo?".

Não sei como eu estava com a resposta na ponta da língua: "Eu acredito cegamente em Deus. Ele é que, pelas últimas amostras do que tem acontecido comigo, não acredita muito em mim".

Estourou como uma bomba na roda a minha resposta, sob o ribombar de gargalhadas.

Este tema de Deus é fascinante, além de me perguntarem muito sobre ele, eu gasto inúmeras horas da semana a matutar sozinho sobre a existência de Deus.

O mais elucidativo dado que já colhi sobre a existência de Deus foi o pensamento incrível, me parece que de Dostoiévski: "Se Deus não existe, tudo é permitido".

Como que a insinuar brilhantemente que se a idéia de Deus consiste em justiça, até mesmo em bondade, em sabedoria, em compreensão, se ele não existir, todos esses valores caem por terra.

Ou seja, não existindo Deus, é permitido o estupro, o roubo, a agressão, o homicídio, enfim todas as calamidades da conduta humana.

Todos podem deitar e rolar com suas maldades, que não os atinge nenhuma punição, não estão nem aí.

Mas, existindo Deus, ele se constitui num freio para a maldade e para a destruição. As religiões nada mais são do que isso, uma forma inteligente de domesticar o homem e encaminhá-lo para a bondade, para o amor ao próximo, para a solidariedade e para a caridade, a ajuda aos outros, uma forma de tornar a vida mais suave no seu círculo gregário.

Dostoiévski deu uma grande, colossal, colaboração para a interminável discussão sobre a existência de Deus.

Não termina por aí o debate. Surge uma dúvida estupenda: se Deus é todo-poderoso, senhor do Universo, por que permite que sobre sua obra desabem diariamente tantas dores, aflições, catástrofes dos atos humanos, tendo como autores exatamente as criaturas que ele criou?

Por que Deus, enfim, permite que o homem seja mau e se torne o lobo do homem?

Os religiosos e os acérrimos defensores da existência de Deus levantam um argumento esplendoroso: Deus criou o homem e lhe deu o livre-arbítrio, o homem é que escolhe entre ser bom ou mau.

Ou seja, tudo de ruim que aconteceu na Terra é por causa do livre-arbítrio que Deus concedeu ao homem. E o que de bom acontece também o é.

Só que este argumento tem uma falha: e os terremotos, os ciclones, os maremotos, as secas, as inundações, estes acidentes que provocam bilhões de mortes durante todas as civilizações, destruições bárbaras, estes fenômenos naturais não são fruto da mão humana, seriam então fruto da mão de Deus?

Atualmente se culpa o homem também pela poluição e por esses acidentes geológicos. Mas no terremoto de Lisboa, em 1755, o homem não poluía a Terra naquela época, como é então que morreram 40 mil pessoas, a capital lusa foi destruída em sangue e pestes!!!

Como é que ficamos então sobre a discussão sobre Deus.

Como é que ficamos?

Quem tem mais explicações que me tire desse doloroso dilema.


Autor:

Paulo Sant'ana

Zero Hora 25/02/2008

http://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&source=DYNAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog&pg=43&template=3948.dwt&tp=&section=Blogs&blog=220&tipo=1&coldir=1&topo=3951.dwt

Mais fé...

Precisamos ter mais fé. Precisamos ter mais fé... na ciência. Precisamos acreditar nela. De outro modo, ah, de outro modo, companheira, estugamos o passo para a cova. Tem muita mulher branqueando cedo o cabelo por preocupações e, não raro, de vãos esforços pelo marido. Tem muito marido que anda se matando pela família, muitos morrem cedo, a mulher fica, os filhos choram um pouco e pouco tempo depois tudo volta ao trilho das naturalidades. E o "esforçado" já era... Não, não vale a pena, temos que de vez aprendermos com a vida, olhar para os lados, ver o que os outros fazem, no que dá o que fazem, e daí respirarmos o oxigênio da sabedoria. Claro, é evidente que não venho de graça a esta charla, há motivos, bons motivos.

Eu mesmo fiquei por longo tempo me fazendo perguntas. Comecei adolescência quando aprendi a torcer por um clube de futebol. Deus, quanto tempo perdido, que inutilidade, quantos esforços juvenis jogados na lata de lixo da vida... Quanta saúde perdida gritando por ordinários ou não, esquecendo que devia gritar por mim, lutar por mim, ou nem isso, silenciar por mim. Mas não quero falar de mim, quero falar de nós, você, leitora, você, leitor, nós, nós todos que vivemos jogados nas ondas do mar da vida, agarrados muitas vezes aos nadas, que não nos salvam, que nos afundam.

É o seguinte. Acabei de ler esta notícia: "As oscilações na Bolsa de Valores têm reflexos não apenas nos balanços das empresas e na carteira de acionistas, mas também nos consultórios médicos. Estudos de cardiologistas do Hospital... Rio de Janeiro, mostram que a queda das ações coincide com aumentos da mortalidade por enfarte". Leste bem, leitora, prestaste atenção, leitor? Pessoas morrem de "aflições" por perder dinheiro ou pela possibilidade de perdê-lo. É aqui que entra a ciência de que falei e sobre a qual temos que colocar os nossos joelhos em crédito.

Temos que acreditar na ciência, na Psicologia, nesse amálgama de corpo e alma que nos forma. Emoções matam, esforços insanos pela mulher, pelo marido, pela família, não são gentilezas do coração, são estultícias que encurtam a vida. Perder o sono, seja pelo que for, nos faz perder a saúde. Emoções matam, correrias elevam o batimento cardíaco e dia após dia nessa corrida pelo nada, leva qualquer um mais cedo para o mundo do nada eterno... Temos que aprender a respeitar nossas verdades humanas e da ciência da Psicologia, temos que aprender a dar de ombros, deu, deu, não deu, não deu...

Autor:

Luiz Carlos Prates

Diario Catarinense - 12/10/2008
http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2238782.xml&template=3916.dwt&edition=10890&section=136